Teste: novo Mercedes-Benz GLE 400d é o SUV diesel de luxo que roda mais de 1.000 km com um tanque

É difícil pensar em um utilitário diesel como um carro de alta performance. Na minha cabeça, a maioria desses modelos tem uma mística diferente. É o TEC-TEC-TEC do motor, a sensação de que ele poderia me levar sozinho até o Mato Grosso do Sul se eu der uma distraída e o conforto de se estar acima da maioria dos carros no trânsito. Mas o GLE 400d me impressionou mesmo em uma saída de farol. Sem dar muito pé e longe, o modelo de mais de duas toneladas avançou com vigor quase que de AMG.

Com torque de V8 preparado, o seis cilindros em linha tem 3 litros, 330 cv e 71,4 kgfm a ridículos 1.200 rpm, quase que em ponto morto. O câmbio automático de nove marchas nem precisa da primeira (uma reduzida) para levar o jipão de zero a 100 km/h em 6,8 segundos. Isso com mais de 2.350 kg entre Mercedes, combustível e um fornido jornalista.

Tirando a força que parece brotar das profundezas, uma das maiores qualidades dos SUVs diesel é a capacidade de rodar pela estrada sem precisar parar até cruzar uma ou duas fronteiras estaduais. O GLE 400d também entrega essa autonomia de camelo. Seu tanque de 65 litros mais do que basta para o consumo entre 9,8 km/l (cidade) e 15,4 km/l (estrada), situação na qual ele pode rodar exatamente 1.001 km.

alidades para alertar que o preço é igualmente superlativo. São pedidos entre R$ 578.900 e R$ 581.900. Dá para comprar um EQC 400 4Matic por R$ 575 mil, pouco a menos, porém o elétrico tem a proposta inversa ao que esperam por um utilitário que não perca tempo nem na tomada, nem no posto de combustível.

Como é o carro

O GLE é o SUV de luxo original da Mercedes. A alemã tem o Classe G e seus antepassados, mas o modelo que marcou o seu ingresso no segmento foi o ML. Lançado em 1997, o utilitário passou a adotar a denominação atual apenas em 2016. Como a letra final indica, ele faz parte de uma classe um pouco maior de carros, como é com Classe E entre os sedãs.

Lanternas se tornaram mais pontiagudas, mas as colunas invertidas continuam lá — Foto: Divulgação

Lanternas se tornaram mais pontiagudas, mas as colunas invertidas continuam lá — Foto: Divulgação

Embora os membros da Classe C (sem trocadilho) sejam visão comum nas ruas, a linha de médio grandes é mais rara, sejam eles sedãs ou SUVs. O modelo testado é uma dessas figuras raras. Cruzei com vários GLA e alguns GLC, mas com apenas um ML de segunda geração.

Olhando bem para ele, ficou pouco do último modelo. A Mercedes pode não ter se tornado tão ousada como a BMW, mas soube renovar o visual clássico da fornada anterior. Os faróis de LED em formato de reticências estilizadas e a grade projetada à frente garantiram essa rebuscada. Há toques do anterior, especialmente, nas colunas C invertidas. As lanternas com blocos de LED mais geométricos enquadram o SUV na linguagem atual de estilo da marca.

A linha de cintura arredondada ajuda a dar uma suavizada no contorno, porém, não dá para esquecer que se trata de um SUV grande. São 4,92 metros de comprimento, 2,15 m de largura e altura que dá para cobrir um homem médio (1,77 m).

Mercedes GLE 400 d tem tração integral 4Matic (Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Mercedes GLE 400 d tem tração integral 4Matic (Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Impressões ao dirigir

Muitos carros parecem iguais por dentro, mas entrar em um Mercedes sempre leva a um mundo onde algumas coisas são diferentes. A começar pelos clássicos comandos elétricos do banco feitos em uma miniatura perfeita do assento e encosto na porta. Tudo bem à mão, próximo da maçaneta e de utilização intuitiva, tal como os amplos ajustes elétricos do volante. A alavanca de marchas na coluna e o acionamento das setas são igualmente diferentes.

Ainda mais alto, fiquei em condições de conduzir o gigante entre as ruas da cidade. O tamanho senhorial exige um pouco de delicadeza naquelas vias em que as duas faixas são espremidas no espaço em que cabe apenas uma. O conjunto de câmeras 360 graus apontam bem o limite do carro e a falta de limites dos motoristas à sua volta.

Painel tem quadro de instrumentos e central multimídia de 12,3 polegadas — Foto: (Foto: Divulgação)

Painel tem quadro de instrumentos e central multimídia de 12,3 polegadas — Foto: (Foto: Divulgação)

O GLE faz de tudo para parecer menor. A câmera dianteira ajuda a dar uma espiada no que há à frente. Os alertas de direção semiautônoma alertam para ciclistas, pedestres e outros carros em todos os momentos, até na hora de dar ré ou de abrir as portas. E o controle de cruzeiro adaptativo e a frenagem automática funcionam à perfeição.

Quase que um toque à moda antiga, o painel elevado me remonta a um período em que não havia nada como imitar a cabine de comando de uma aeronave. A inspiração se foi com o design minimalista e seu painel baixo. Esse Mercedes não entrou nessa fase. Há quatro saídas de ar somente no console central, uma fileira logo abaixo com teclas de ventilação, comandos no console com trackpad e tudo e, claro, um volante que humilha o controle de qualquer videogame em número de botões.

Couro, madeira, metal, tudo é utilizado para dar uma atmosfera bem diferente do conjunto plástico texturizado e painel pouco macio de um carro convencional. O sistema de iluminação da cabine aposta em LED por todos os lados e parece ter toda a escala pantone entre suas opções. Fiquei entre o vermelho e o laranja.

Mercedes GLE 400 d tem câmeras por toda a parte, até frontal (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Mercedes GLE 400 d tem câmeras por toda a parte, até frontal (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Azulado, o enorme painel digital faz dupla com o multimídia até em tamanho, pois ambos têm 12,3 polegadas. A central agrega o assistente inteligente MBUX e reconhecimento de gestos para motorista e passageiro. O head-up display traz todo tipo de informação e dá para abrir mão de olhar o quadro de instrumentos no dia a dia. Tudo bem século 21.

Se faz questão de passar uma ambiência de luxo, o Mercedes também investe em outras partes sensoriais. Entre elas, a opção de massagem para os bancos dianteiros. Eles chamam de sistema cinético, pois a movimentação do encosto é limitada a ativar seus músculos. Não chega a ser o padrão disponível em um Classe S, um carro capaz de conjugar um quiroprata a um massagista na hora que aplica uma técnica como shiatsu e pedrinhas quentes.

Feito pela Burmester, o sistema de som é daqueles que acrescenta nuances não ouvidas mesmo naquelas músicas que você ouviu até o artista ficar rouco. São 13 alto falantes e 590 watts. Até as caixas de som são bonitas.

Além do espaço monstruoso, bancos traseiros também têm ajustes elétricos nas portas (Foto: divulgação) — Foto: Auto Esporte

Além do espaço monstruoso, bancos traseiros também têm ajustes elétricos nas portas (Foto: divulgação) — Foto: Auto Esporte

Para combinar com o relaxamento, a qualidade de rodagem é isoladíssima. A suspensão pneumática não consegue fazer você esquecer que está ao volante de um SUV grande, mas é capaz de terraplanar os obstáculos como buracos e lombadas com um som abafado que passa qualidade. Sacolejos, nunca mais.

Relativamente direta para um veículo desse porte, a direção é um convite para pegar estradas. A despeito da inclinação em acelerações, curvas e frenagens, o equilíbrio dinâmico é bom para a categoria. Falando em frenagem, o GLE para vindo a 80 km/h em 26 metros.

Além da tração integral 4Matic, as rodas aro 20 e os pneus 225/45 e 285/40 mais voltados ao asfalto negociam bem com a física. Trechinhos mais travados talvez sejam um trabalho para a versão cupê do GLE e seu motor AMG a gasolina.

Acesso aos bancos de trás não é fácil nem para mais baixos — Foto: Divulgação

Acesso aos bancos de trás não é fácil nem para mais baixos — Foto: Divulgação

O perfil do GLE 400d é outro, ainda mais ao receber a opção de sete lugares. A segunda fileira tem bancos com ajustes elétricos. Sabe quando alguém exagera e diz que determinado carro parece ter um metro para as pernas dos passageiros traseiros? Pois bem, esse SUV tem 1,04 m! E também traz ajuste de ar-condicionado individual. O formato do banco privilegia os ocupantes laterais. Mas há uma novidade inédita entre os GLE: dois assentos extras.

Contudo não é tão fácil acessar a terceira fileira. Olha que tentei com um passageiro mais baixo. Mesmo assim, o recurso é perfeito para pessoas de altura contida e crianças. Justamente o público familiar ao qual esse carro se destina. Dá para abrir o porta-malas pela chave, fechá-lo eletricamente ou até passar o pé sob o para-choque traseiro para acioná-lo e carregar o compartimento de 630 litros – a Mercedes não divulga a capacidade com as três fileiras.

Conclusão

O GLE 400d conjuga tudo que se espera em um segmento que nunca é barato: o de utilitários grandes com motor turbodiesel. Quer ter uma ideia? Um SW4 Diamond chega a 312.190. Imagine só os de luxo de fato. Se você gostaria de um SUV Mercedes-Benz com preço de Toyota, terá que comprar o novo GLB 1.3 turbo de R$ 299.900. Mas esse é outro teste.

Teste
Aceleração

0 – 100 km/h: 6,8 s

0 – 400 m: 14,9 s

0 – 1.000 m: 27,4 s

Vel. a 1.000 m: 192,8 km/h

Vel. real a 100 km/h: 97 km/h

Retomada

40 – 80 km/h (Drive): 3,2 s

60 – 100 km/h (D): 3,9 s

80 – 120 km/h (D): 5 s

Frenagem

100 – 0 km/h: 40,6 m

80 – 0 km/h: 26 m

60 – 0 km/h: 15,1 m

Consumo

Urbano: 9,8 km/l

Rodoviário: 15,4 km/l

Média: 12,6 km/l

Aut. em estrada: 1.001 km

Ficha técnica
Motor: Dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em linha, 3.0, 24V, comando duplo, injeção direta, turbo, diesel

Potência: 330 cv entre 3.600 e 4.000 rpm

Torque: 71,4 kgfm entre 1.200 e 3.000 rpm

Câmbio: Automático com nove marchas; tração integral

Direção: Elétrica

Suspensão: Independente, duplos braços triangulares (dianteira) e multilink (traseira)

Freios: Discos ventilados

Rodas e pneus: 275/50 R20

Dimensões
Comprimento: 4,92 metros

Largura: 2,15 m (com retrovisores)

Altura: 1,77 m

Entre-eixos: 2,99 m

Tanque de combustível: 65 litros

Peso: 2.265 kg

Porta-malas: 630 litros

Fonte:Auto esporte

ÚLTIMOS EVENTOS

ACESSAR

NOSSO ESTOQUE

ACESSAR

CARROS QUE JÁ
PASSARAM POR AQUI

ACESSAR
Contato via Whatsapp